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Como ajudar um alcoólatra?

Last Updated on 20 de outubro de 2021 by Diego Tinoco

alcoolismo

Como ajudar um alcoólatra?

Quando o assunto é dependência química, existe uma maior atenção e preocupação com as drogas ilícitas. No entanto, outro problema de saúde pública se perpetua camuflado em eventos sociais, fins de semana com a família, risadas, entre outras situações.

Grande parte da sociedade não vê no álcool uma importante causa de dependência física e psicológica que atinge milhões de pessoas todos os dias e causa grandes custos para o serviço de saúde pública.

No início são algumas doses para relaxar, que depois desaparecem com o aumento do uso. Se você é ou convive com algum alcoólatra, os problemas que a embriaguez gera em sua vida podem ser extremamente incômodos e por vezes resultar em situações constrangedoras.

De repente o alcoolista feliz se revela como uma pessoa violenta, responsável por gerar crimes e desestruturação de muitas famílias!

Dados gerais sobre o uso de álcool

Todos os anos, cerca de 2 bilhões de pessoas fazem uso de bebidas alcoólicas, o que corresponde a quase metade da população mundial acima de 15 anos. Cerca de 2 – 2,5 Milhões de pessoas, morrem a cada ano devido ao uso do álcool, seja direta ou indiretamente (violência, acidentes, cirrose hepática, etc.).

No Brasil, existe uma deficiência de pesquisas que mostrem dados sobre como a população consome bebidas alcoólicas. No entanto, existem vários estudos que mostram alguns dados, como é o caso do (I e II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas).

Ele mostra que 68,7% da população brasileira já fez uso de álcool em algum momento da vida, e que existe dependência alcoólica em cerca de 11,2% da população, o que é um número extremamente preocupante. Desses, 23,7% e 7,4% são homens e mulheres, respectivamente, na faixa etária de 18 a 24 anos.

 

Como identificar um alcoólatra?

O primeiro passo para poder ajudar um parente alcoólatra é saber identificar se realmente ele é portador dessa condição, para isso é importante fazer uma clara distinção dos 3 padrões relativos ao uso do álcool.

Existem as pessoas que não tem problemas quando bebem, outras que fazem uso crônico dessa substância e existem aqueles que são dependentes do álcool.

Esteja atento para a frequência das seguintes situações:

– Problemas recorrentes no trabalho;

– Envolvimento com brigas e multas de trânsito;

– Problemas familiares por conta do álcool;

– Vontade de beber já no início do dia, e quando não bebe sente alterações físicas e psicológicas;

– Incapacidade de ficar perto do álcool sem consumi-lo;

– Não lembrar do que aconteceu depois de uma bebedeira.

Acho que meu marido é alcoólatra!

Conviver com uma pessoa alcoólatra pode ser uma situação bastante delicada e quando essa pessoa é seu marido, essa situação pode se tornar um fator definitivo na continuidade de seu casamento, e é nessa hora que é preciso avaliar os impactos dessa condição em sua família e ficar ao lado de quem você ama.

Busque compreender o que é o alcoolismo, entender como identificar se realmente seu parceiro se enquadra como usuário crônico de álcool é muito importante! O alcoolismo vai muito além de algumas taças de vinho, ele é uma situação ilustrada pelo uso excessivo dessa substância, momentos em que seu cônjuge faz uso para regular seu humor e fugir de problemas.

 

Afinal, como eu posso ajudar meu cônjuge?

  1. Dar atenção: lembre-se, apoie seu marido e não o vício! Demonstre amor incondicional e ajude-o a aceitar sua condição. Faça com que ele se sinta bem-vindo em casa, mas não esqueça de dizer que seu vício não é bem-vindo.
  2. Seja responsável: apesar de que você tenha papel importante no tratamento do cônjuge, você não pode curá-lo sozinha. É essencial que ele se esforce e queira se libertar do uso do álcool.
  3. Não estimule o vício: evite criar situações que sejam propícias para uma eventual recaída, não compre álcool, não o leve e nem o busque em um bar. Ao dar uma simples carona você pode fazer com que ele pense que não precisa se controlar ou conhecer seus limites. Não se culpe por eventuais problemas que seu marido se envolver, é importante que você converse sobre suas responsabilidades e consequências.
  4. Contate um profissional: o alcoolismo é uma condição multifatorial, que envolve fatores genéticos e ambientais, por isso, procure sempre ajuda de um profissional. Lembre-se, apesar de que seja bastante benéfico o apoio psicológico para o usuário, é também proporcionalmente importante a ajuda de um terapeuta familiar que possa auxiliar seus filhos e a você a entenderem as mudanças comportamentais e psicológicas que estão acontecendo em sua família.
  5. Cuide de sua saúde: nunca se esqueça disso, no percurso que seu cônjuge irá trilhar para se libertar do uso do álcool, manter você e sua família com uma boa saúde são bons objetivos a traçar. Participe de reuniões de AA (Alcoólicos Anônimos) e procure compartilhar experiências com outros membros da família que estão enfrentando dificuldades com o vício.

 

Referências bibliográficas

Associação Americana de Psiquiatria. (2013). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (5 ed.). Arlington, VA:. American Psychiatric Publishing.

ANTHONY, J.C. Consumo nocivo de álcool: dados epidemiológicos mundiais. In: ANDRADE, A.G.; ANTHONY, J.C. (Eds.). Álcool e suas consequências: uma abordagem multiconceitual. Barueri: Manole, 2009. p.1-36.

Galduróz, José Carlos F, & Caetano, Raul. (2004). Epidemiologia do uso de álcool no Brasil. Revista Brasileira de Psiquiatria, 26(Suppl. 1), 3-6. https://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462004000500002

Castro, Luís André, & Baltieri, Danilo Antonio. (2004). Tratamento farmacológico da dependência do álcool. Revista Brasileira de Psiquiatria, 26(Suppl. 1), 43-46. https://dx.doi.org/10.1590/S1516-44462004000500011

SEADI, Susana M. Sastre; OLIVEIRA, Margareth da Silva. A terapia multifamiliar no tratamento da dependência química: um estudo retrospectivo de seis anos. Psicologia Clínica, v. 21, n. 2, p. 363-378, 2009.

Ronaldo Laranjeira. II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas. Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas. Relatório, 2012.

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Diego Tinoco

Diego Tinoco é cidadão brasileiro. Nasceu em Curvelo-MG e atualmente reside em Belo Horizonte. É médico, psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da UFMG, pós graduado em saúde da família pela UFMG. Nesse site você encontra opiniões do cidadão sobre a vida e o mundo.

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