Last Updated on 6 de novembro de 2023 by Diego Tinoco
Como saber se você tem TDAH?
Para determinar se alguém possui Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), não é suficiente apenas reconhecer uma lista de sintomas e identificar-se com eles. O processo de diagnóstico é mais complexo e requer uma avaliação minuciosa conduzida por um médico especializado na área. Consultar um profissional capacitado é essencial e representa o primeiro passo crucial nessa jornada de diagnóstico.
Por que é necessário ir a um especialista com experiência em TDAH?
O processo de diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é intrincado e requer uma abordagem especializada. Sintomas como falta de foco podem ser indicativos do TDAH, mas também compartilham semelhanças com outras condições psicológicas como depressão, ansiedade e transtorno afetivo bipolar.
É imperativo entender que não são apenas os momentos isolados de distração que caracterizam este transtorno. Diante da complexidade do TDAH, a avaliação de um especialista com experiência na área é fundamental. A expertise do profissional é vital para distinguir o TDAH de outros transtornos e para o desenvolvimento de um plano de tratamento eficaz. Terapias atuais oferecem estratégias robustas para gerenciar os sintomas, possibilitando que as pessoas afetadas melhorem significativamente sua qualidade de vida, desempenho no trabalho, sucesso educacional e relacionamentos sociais.
Neste artigo, vamos explorar minuciosamente os sintomas do TDAH conforme definidos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) e investigar as causas potenciais do transtorno para dissipar dúvidas e promover uma compreensão clara do assunto.
O que significa TDAH?
O TDAH significa Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Trata-se de uma condição neuropsiquiátrico caracterizada por problemas na atenção, distração, hiperatividade e impulsividade. Esta desordem do neurodesenvolvimento pode ter um impacto significativo na vida de quem sofre dela.
É fundamental entender sua prevalência: estudos indicam que entre 5% a 10% das crianças são diagnosticadas com TDAH e cerca de 2,5% dos adultos ainda apresentam o transtorno (American Psychiatric Association, 2013, DSM-5).
A detecção e o diagnóstico precoces são vitais, pois o TDAH pode influenciar negativamente os estudos, o trabalho e os relacionamentos. No entanto, com o tratamento correto, muitas pessoas diagnosticadas com esta condição conseguem superar desafios e prosperar em diversas áreas da vida.
Os avanços no tratamento do TDAH oferecem esperança e uma vida produtiva àqueles que lidam com o transtorno, permitindo que aproveitem plenamente suas habilidades e potencial.
Quando surge o TDAH?
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição que costuma surgir na infância. Geralmente, os sintomas do TDAH surgem antes dos 12 anos e pode se estender até a vida adulta. Para entender o diagnóstico, primeiro precisamos identificar os sintomas.
Quais são os sintomas do TDAH?
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) apresenta uma série de sintomas que variam conforme a idade.
Para diagnosticar crianças, é necessário identificar a presença de seis ou mais sintomas listados no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição (DSM-5). Já para adolescentes a partir de 17 anos e adultos, o mínimo de sintomas exigidos para um diagnóstico é de cinco.
Esses sintomas devem ser persistentes, com duração de pelo menos seis meses, e evidentes em pelo menos dois contextos diferentes, como na escola e no ambiente doméstico.
O DSM-5 divide os sintomas do TDAH em três categorias principais, que caracterizam as apresentações do transtorno. A classificação ajuda a entender melhor o perfil sintomático de cada indivíduo, orientando assim as estratégias de tratamento.
Nos próximos tópicos, detalharemos cada uma dessas apresentações e discutiremos como elas se manifestam no comportamento e na vida diária dos indivíduos afetados.
1. Apresentação Predominantemente Desatenta:
- Erros por falta de atenção aos detalhes.
- Dificuldade em sustentar a atenção.
- Aparente desatenção quando falado diretamente.
- Dificuldade em seguir instruções e concluir tarefas.
- Problemas de organização.
- Evitação de tarefas que exijam esforço mental contínuo.
- Perda frequente de itens necessários.
- Distração fácil.
- Esquecimento recorrente nas atividades diárias.
2. Apresentação Predominantemente Hiperativo – Impulsiva:
- Agitação nas mãos, pés ou inquietação na cadeira.
- Incapacidade de permanecer sentado.
- Corrida ou escalada inapropriada (em crianças); inquietação extrema em adultos.
- Dificuldade em jogar ou se engajar silenciosamente.
- Sensação constante de estar “ligado”.
- Fala excessiva.
- Respostas precipitadas antes da conclusão da pergunta.
- Impaciência.
- Interrupção frequente ou intromissão.
3. Apresentação Combinada de TDAH:
- Combina sintomas das duas categorias anteriores.
Importante frisar que a manifestação dos sintomas pode variar com a idade. Consequentemente, a classificação de uma criança pode mudar à medida que ela amadurece.
Uma característica central do TDAH é sua variabilidade. O DSM-5, a principal referência na área de diagnóstico de transtornos mentais, destaca a importância de classificar a gravidade do transtorno em três níveis:
1 – Leve:
O indivíduo apresenta sintomas limitados, que causam pequenos obstáculos em contextos como trabalho, escola ou interações sociais.
2 – Moderado:
O impacto dos sintomas encontra-se entre os níveis leve e grave, afetando de forma significativa algumas áreas da vida.
3 – Grave:
Os sintomas são pronunciados e resultam em dificuldades acentuadas em múltiplas áreas da vida do indivíduo.
Entendendo as Causas e Fatores Associados ao TDAH
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um tema frequente em debates científicos, e enquanto as causas precisas ainda estão sob investigação, a evidência aponta fortemente para fatores genéticos como um influenciador significativo. Estudos consistentes, incluindo mais de 20 conduzidos por Faraone e colaboradores em 2005, têm identificado uma herança genética associada ao TDAH. No entanto, é crucial reconhecer que o TDAH não se resume apenas à genética; é um transtorno complexo, influenciado por uma combinação de múltiplos fatores.
Há fatores ambientais e biológicos que podem contribuir para o surgimento ou agravamento do TDAH:
- Exposição a toxinas ambientais, como pesticidas e chumbo, durante a infância.
- Lesões cerebrais.
- Nascimento prematuro ou com baixo peso.
Além destes fatores, existem determinadas circunstâncias que, embora não sejam causadoras diretas do TDAH, podem exacerbar seus sintomas:
- Consumo excessivo de televisão ou uso intensivo de aplicativos de celular.
- Traumas ou experiências adversas durante a infância.
- Ambiente familiar estressante, incluindo conflitos familiares e condições socioeconômicas desfavoráveis.
Ao compreender a complexidade do TDAH e os múltiplos fatores que influenciam sua manifestação, podemos avançar no direcionamento de tratamentos mais eficazes e na prevenção de desencadeante.
Entendendo o Processo de Diagnóstico do TDAH
Após compreender os sintomas e causas potenciais do TDAH, o próximo passo é entender como este transtorno é diagnosticado. Em crianças, o diagnóstico é essencialmente clínico, mas é complementado por avaliações neuropsicológicas, educacionais e contextuais da família. Exploremos cada etapa:
1 – Avaliação Médica: A avaliação começa com um especialista em saúde mental – geralmente um psiquiatra, neurologista ou neuropediatra – analisando o histórico do paciente. Esta análise considera possíveis exposições a substâncias tóxicas, complicações durante o parto, infecções cerebrais, histórico familiar de TDAH, entre outros. Também são analisados marcos no desenvolvimento e comportamento do paciente em diferentes ambientes (casa, escola, etc.). Importante salientar que outros transtornos, como ansiedade, depressão e transtorno afetivo bipolar, podem mimetizar os sintomas do TDAH e, portanto, são cuidadosamente avaliados para um diagnóstico diferencial.
2 – Avaliação Neuropsicológica: Essa etapa avalia a capacidade cognitiva do paciente, identificando possíveis comorbidades ou dificuldades específicas que podem influenciar no diagnóstico.
3 – Avaliação Educacional: Aqui, os profissionais buscam entender os efeitos dos sintomas no desempenho acadêmico do paciente, observando seu comportamento tanto na escola quanto em atividades em casa.
4 – Contexto Familiar: As observações e experiências dos familiares são cruciais para a avaliação completa do TDAH. Muitas vezes, são os pais que fornecem insights sobre os desafios diários enfrentados pelo paciente.
A compreensão e o diagnóstico preciso do TDAH são fundamentais para garantir que o indivíduo receba o tratamento e o suporte adequados.
Mas e nos adultos, como diagnosticar TDAH?
O diagnóstico de TDAH em adultos requer uma abordagem criteriosa e um entendimento especializado. Se você suspeita que pode ter TDAH, o primeiro passo é procurar um profissional de saúde mental, seja um psiquiatra ou neurologista com experiência na área. Este diagnóstico envolve uma entrevista detalhada chamada anamnese para colher informações sobre o histórico do paciente.
Uma entrevista clínica aprofundada, chamada anamnese, é fundamental. Nela, o profissional avaliará o histórico de vida do paciente, seus sintomas atuais e passados, dificuldades e impactos em diversas áreas da vida, desde o desempenho no trabalho até relações interpessoais.
A obtenção de informações de familiares e amigos próximos é valiosa no processo diagnóstico. Eles podem fornecer insights sobre comportamentos e padrões que o próprio indivíduo pode não perceber ou lembrar. Isso auxilia o especialista a compreender a amplitude e a persistência dos sintomas ao longo da vida do paciente.
Muitas vezes, uma avaliação neuropsicológica é recomendada, mas não necessário para o diagnóstico em si. Este é um conjunto de testes que avalia as funções cerebrais relacionadas à memória, atenção, funções executivas e outras habilidades cognitivas. Essa avaliação pode ajudar a determinar a extensão do déficit de atenção ou hiperatividade e diferenciar o TDAH de outras condições neurológicas ou psiquiátricas. Além disso, a avaliação neuropsicológica é fundamental para entender as reais dificuldades ou habilidades a serem desenvolvidas para um tratamento mais otimizado.
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Ao identificar os sinais do TDAH, é crucial buscar a avaliação de um especialista. Em muitos casos, o tratamento adequado pode aliviar os sintomas e permitir que os indivíduos alcancem sucesso em diversos aspectos de suas vidas.
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Referência:
American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Washington, DC:
Faraone SV, Perlis RH, Doyle AE, Smoller JW, Goralnick JJ, Holmgren MA, Sklar P. Molecular genetics of attention-deficit/hyperactivity disorder. Biol Psychiatry. 2005 Jun 1;57(11):1313-23. doi: 10.1016/j.biopsych.2004.11.024. Epub 2005 Jan 21. PMID: 15950004.