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Tratamento Medicamentoso para TDAH Pode Salvar Vidas: Um Estudo Mostra Redução Significativa na Mortalidade

Last Updated on 18 de março de 2024 by Diego Tinoco

tratamento para tdahUm estudo recentemente publicado na revista JAMA destaca uma descoberta importante no tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH): o início do tratamento medicamentoso pode estar vinculado a uma redução significativa no risco de mortalidade. Este estudo foi conduzido na Suécia, incluindo uma coorte de 148.578 indivíduos diagnosticados com TDAH entre 2007 e 2018. O foco principal estava em pessoas que não haviam recebido medicação para TDAH antes de serem oficialmente diagnosticadas. Isso quer dizer que todos os participantes estavam sem qualquer tratamento farmacológico específico para TDAH até o ponto de seu diagnóstico.

A metodologia do estudo permitiu aos pesquisadores comparar dois grupos específicos: aqueles que começaram a medicação para TDAH logo após o diagnóstico e aqueles que, mesmo após o diagnóstico, não receberam tratamento medicamentoso. Esse desenho de estudo fornece insights valiosos sobre os efeitos da medicação no TDAH, particularmente em relação à mortalidade.

O Impacto da Medicação na Mortalidade

Os resultados do estudo foram reveladores. Observou-se que o grupo que iniciou o tratamento com medicação apresentou uma taxa de mortalidade significativamente menor. Para quantificar essa diferença:

  • A taxa de mortalidade no grupo que não iniciou a medicação foi de 48,1 por 10.000 indivíduos.
  • No grupo que iniciou a medicação, a taxa foi de 39,1 por 10.000 indivíduos.

Isso se traduz em uma diferença de risco de -8,9 por 10.000 indivíduos, indicando que, para cada 10.000 pessoas que começaram o tratamento medicamentoso, houve aproximadamente 9 mortes a menos em um período de dois anos em comparação com aqueles que não iniciaram a medicação. Essa redução na taxa de mortalidade destaca a potencial importância do tratamento medicamentoso em melhorar a sobrevivência entre indivíduos com TDAH.

Mais especificamente, a análise mostrou que a redução no risco de mortalidade estava particularmente associada a causas não naturais, como lesões acidentais, suicídio e envenenamentos. No entanto, interessante notar, o estudo não encontrou uma diferença significativa nas taxas de mortalidade por causas naturais entre os dois grupos.

Conclusões do Estudo

Este estudo fornece evidências valiosas de que iniciar a medicação para TDAH pode contribuir significativamente para a redução do risco de mortalidade, especialmente por causas não naturais. Os achados reforçam a necessidade de considerar cuidadosamente o tratamento medicamentoso como parte de uma abordagem integrada ao manejo do TDAH. Ao oferecer uma nova perspectiva sobre os benefícios potenciais do tratamento, este estudo convida a uma reflexão sobre a importância do diagnóstico precoce e do acesso ao tratamento adequado para indivíduos afetados por TDAH, visando não apenas melhorar a qualidade de vida, mas também potencialmente salvar vidas.

Referências: Li LZhu NZhang L, et al. ADHD Pharmacotherapy and Mortality in Individuals With ADHD. JAMA. 2024;331(10):850–860. doi:10.1001/jama.2024.0851. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jama/article-abstract/2816084

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Diego Tinoco

Diego Tinoco é cidadão brasileiro. Nasceu em Curvelo-MG e atualmente reside em Belo Horizonte. É médico, psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da UFMG, pós graduado em saúde da família pela UFMG. Nesse site você encontra opiniões do cidadão sobre a vida e o mundo.

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