As reais consequências da maconha

Last Updated on 23 de dezembro de 2021 by Diego Tinoco

O tetrahidrocanabinol (THC), mais conhecido como maconha, é a droga ilícita mais consumida do mundo. Enquanto os defensores da legalização da substância afirmam que ela não é prejudicial a saúde, algumas pesquisas indicam que sua utilização pode causar danos em usuários mais frequentes. Mas, a longo prazo, quais são os reais riscos causados pela maconha? Apesar dos estudos ainda estarem em franca evolução, já é possível estipular algumas das consequências geradas pelo consumo da droga.

Sobre o vício

Antes de entender os reais danos causados pela maconha, é preciso saber mais sobre o poder que ela tem de gerar dependentes. Segundo uma pesquisa do The New England Journal of Medicine, 9% das pessoas que experimentam o primeiro “baseado” acabam se viciando na droga. Em relação aos que começam a utilizá-la na adolescência, a estatística pode subir para um entre cada seis usuários. Já entre as pessoas que usam o THC diariamente, 25% a 50% indicam sinais de dependência.

Entre as pessoas que apresentam um quadro de dependência da maconha, os sintomas encontrados são semelhantes  – em proporções diferentes – aos do consumo de outras drogas. Os usuários tidos como dependentes tendem a ter crises de irritabilidade, ansiedade, inquietude e insônia.

Sintomas sentidos pelo cérebro

A taxa de dependência da maconha não é tão alta quanto outras drogas, já que é inferior a da própria nicotina, que, segundo estudos da Universidade Queensland, na Austrália, é superior a 32%. Mesmo assim, o consumo da droga a médio e longo prazo pode afetar áreas importantes do cérebro, principalmente as que são responsáveis por armazenar memórias e cuidar do aprendizado.

É importante dizer que, assim como no caso do vício, a utilização do THC desde a adolescência tende a trazer mais danos do que para pessoas que começaram o consumo na fase adulta. 

Relação com distúrbios mentais

O uso contínuo e constante da maconha pode dar mais suscetibilidade, ou simplesmente agravar, alguns transtornos como ansiedade, psicoses e depressão, o que tende a acontecer em pessoas geneticamente vulneráveis. Alguns estudos sugerem que o uso constante da maconha pode aumentar em até 6 vezes de algumas pessoas desencadear um quadro psicótico.

Riscos pulmonares e respiratórias

Apesar de não possuir tantas substâncias nocivas ao pulmão e ao sistema respiratório quanto o cigarro, a maconha também pode ser associada a doenças nessas áreas. Isso porque, quando consumida por muito tempo, ela pode causar uma inflamação das vias aéreas, aumentando a resistência à passagem do ar pelos brônquios. 

“Porta de entrada para outras drogas”. Mito ou verdade?

Assim como outras substâncias químicas consideradas psicoativas, a maconha pode causar uma resposta exagerada no consumo de outras drogas. Na prática clínica é muito comum observar pessoas que começaram a fazer uso do crack ou cocaína após iniciarem pela maconha. O que não podemos dizer é que pessoas que usam maconha vão usar crack ou cocaína. Mas deve-se ficar atento ao uso de outras drogas e a própria dependência da maconha.

Cuidado com a Maconha!

Como médico e como ser humano que já viu uma série de usuários dependentes da maconha, eu não sugiro, em hipótese alguma, a manutenção do uso da maconha.

Muitos usuários fazem uso acreditando que a droga pode tranquilizar e relaxar, porém no dia seguinte a maconha leva a uma piora da ansiedade, e infelizmente muitos não percebem que a droga está fazendo esse efeito. O que acontece é que para melhorar a ansiedade do dia seguinte, muitos usuários fumam novamente.

Além disso, é muito comum, principalmente em adolescentes e adultos jovens, a maconha ser um gatilho para o desenvolvimento de doenças psicóticas, que pioram de forma importante o dia a dia pessoas afetadas.

Compartilhe o Post nas redes sociais:
Foto de Diego Tinoco

Diego Tinoco

Diego Tinoco é cidadão brasileiro. Nasceu em Curvelo-MG e atualmente reside em Belo Horizonte. É médico, psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da UFMG, pós graduado em saúde da família pela UFMG. Nesse site você encontra opiniões do cidadão sobre a vida e o mundo.

Posts Relacionados ao tema

Quando o Autismo e a Ansiedade Social se Encontram

Muitas pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) também apresentam ansiedade social, um medo intenso de serem avaliadas negativamente em interações sociais. Neste artigo, exploramos como autismo e ansiedade social podem se sobrepor, com base em uma revisão científica detalhada. Entenda os sinais, os desafios da comunicação e as melhores estratégias para lidar com essa condição, incluindo terapias adaptadas e suporte especializado. Saiba como familiares e profissionais podem ajudar na qualidade de vida de pessoas com TEA e ansiedade social

Leia mais